Dando continuidade a série de textos sobre tantra que farei, segue um texto de Otávio Leal. Que de forma simples nos trás uma boa idéia do que é o tantra, e principalmente do que não é.
Tantra – Você não sabe o que está perdendo.
“Você não estuda o Tantra, você pratica o Tantra” (Otávio Leal)
Antes de definir o Tantra, vou explicar o que não é e, quem sabe, quebrar crenças e paradigmas que você possa ter em relação ao mesmo. Muito que se ouve, fala e escreve sobre tantrismo são distorções da essência dessa filosofia. Em geral, as abordagens são parciais, errôneas e delirantes, restritas somente ao aspecto sexual.
Tantra não é somente sexo, não é kama-sutra, nem um místico prometendo orgasmo cósmico ou uma suposta ´´casa de massagens´´ ou grupos de sexo grupal. Não é tara ou desvios sexuais.Talvez somente algo em torno de 5% de todos esses textos e ensinamentos tantricos é de contexto sexual.
O tantrismo não é seita ou religião, apesar de estreitar as relações entre o homem e os aspectos sutis do universo. Não é magia, apesar de possuir rituais mágicos, e não possui nenhuma prática de sacramentos maléficos. Apesar de o mestre Osho sita-lo muito, este hindu Iluminado, no final de sua visita nesse Planeta, apontava muito mais na direção do Zen do que do Tantra.
Tantrik ou Tantra é uma filosofia antiguíssima, originaria da Índia e que busca o reconhecimento do Purusha(consciência, espírito) através de métodos práticos e técnicos, como posturas físicas (Asanas e Yoga), respirações, concentrações, cuidados com a alimentação e um universo de técnicas que se utiliza da vida como um todo de forma prazerosa e libertária. É a união de Purusha com Prakriti (matéria).
Como filosofia de vida prática e não especulativa não há energia gasta no ´´por quê´´ das coisas e sim no ´´como´´; um exemplo é em vez de se preocupar com o por quê do sofrimento, se busca o como ser feliz, daí o Tantra é conhecido como uma filosofia comportamental que o estimula a saber quem você é, como ser feliz, livre, energético e, dentro do possível, auto-suficiente. Encontramos várias linhas de yoga e várias escolas filosóficas comportamentais de origem tântrica.
O praticante de Tantra é chamado de sádhaka (homem) e sádhika(mulher) ou tântrico (ambos) e buscam um modo de vida que oferece a transcendência, a iluminação (realização), pela alegria, arte e celebração. Que sacraliza tudo da existência: homens, animais, natureza, dança, música, alimentos, perfumes, ciclos naturais, coisas simples do cotidiano e também o sexo, que tem como base a vitalidade do prazer, da brincadeira e do compartilhar. O sexo que leva ao carinho, à amorosidade, ao amor universal expresso no companheiro(a); o sexo que leva à integração homem (shiva) – mulher (shakti), yin (energia feminina) – yang (energia masculina); sol/lua; corpo/mente; pênis (lingam) – vagina (yoni), que leva ao samadhi (Iluminação).
O Tantra aponta na direção a tudo o que é natural no ser humano, o contato com a natureza, a descoberta do seu ser por meio do amor e do respeito ao próximo, a exaltação do companheiro em nivel de Deus/Deusa, tudo com a maior naturalidade e desprendimento sem tabus ou regras.
A palavra Tantra tem a sua magia, ela instiga a imaginação do leitor, porque permanece guardada num arquivo de memória de milênios, assim é o mantram (som metafísico, palavra de poder) a qual muitas pessoas, ao ouvir a sua pronuncia sentem vibrar seu inconsciente coletivo, despertando o interesse por esse assunto. O termo Tantra vem do sânscrito, é uma palavra do gênero masculino e significa ´´ teia´´, crescer, desenvolver(prefixo Tan), salvação, instrumento (sufixo Tra), origina-se dos termos tanoti (elevação, expansão) e trayati(consciência). É aquilo que expande a consciência.
Não é possível determinar a época exata em que a palavra Tantra começou a ser usada ou narrar a sua precisão com que se descreve a trajetória de outras culturas. Isso porque os caminhos e práticas tantricas são transmitidos oralmente, de mestre para discípulo, Gupta Vidya (conhecimentos secretos) transmitido pelo sistema de Paranpará que significa ´´um após o outro´´. Além disso, sempre existiu uma tradição em se manter sigilo sobre alguns ensinamentos, passando-os somente a alguns discípulos realmente interessados, provavelmente, para que eles não caiam em mãos profanas que possam desvirtuá-los. É o que o iluminado Jesus ensinava: ´´ Não de perolas aos porcos´´.
Fonte:Texto extraído do livro Maithuna – Sexo Tântrico
(Otávio Leal – Dhyan Prem)